"A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende". Buscar inspiração no aforismo de Schopenhauer, um dos maiores filósofos que já existiu, ilustra bem a história que é objeto desta matéria, que está sendo produzida na semana em que se comemora o Dia do músico, que é lembrado no dia 22 de novembro. Neste sentido, uma paranaense radicada em Bocaina do Sul tem sido uma verdadeira inspiração com seu projeto que tem levado musicalidade numa Kombi.

"Eu leciono aulas de música há dois anos, e aluguei uma kitnet no centro de Bocaina do Sul, e também dava aula num projeto de contraturno da prefeitura. Quando houve a pandemia, infelizmente a arte foi um dos segmentos mais prejudicados. Como resultado, perdi meu emprego e continuei com as aulas particulares. Este ano tive que me submeter a uma cirurgia e me ausentar por quatro meses. Não tive mais condições de manter o aluguel e despesas, e pensei que não ia conseguir retomar meu sonho". O testemunho é da jovem Ketlin Caroline Calistro, de apenas 20 anos, paranaense de Telêmaco Borba, mas moradora de Bocaina do Sul desde os sete anos de idade.

O que, para ela, representava um ponto final em seu sonho musical, foi transformado numa vírgula por seu pai. Foi dele a ideia de introduzir, no mundo de Ketlin, a Kombi. "Conversando com meu pai, e desabafando sobre as coisas não terem dado certo, ele teve uma ideia e me disse que poderíamos pegar a Kombi, que estava encostada no pátio de casa, para transformá-la numa sala de aulas", relembra. A jovem conta que, no início, achou estranha a ideia, tinha medo de rejeitarem, afinal de contas, quem já teve aula dentro de um automóvel? Pouco a pouco, ela deixou o medo de lado e tudo deu certo. De início ela recuperou alguns alunos antigos e, em algumas semanas, já havia dobrado o número de pupilos, além de atrair visibilidade. "A ideia não só foi aceita, como está sendo elogiada por vários cantos de Santa Catarina", conta. 

Ketlin Calistro / Arquivo pessoal/A sala de aula improvisada dentro da Kombi.

Talento nato e lapidado na fé

Perguntada sobre sua identificação com a música, Ketlin revela que o talento vem de muito cedo, lapidado em igrejas evangélicas de sua cidade, a partir do incentido de sua mãe, que lhe ensinava as canções e lhe incentivava a cantar nos cultos e reuniões. "Eu cantava na igreja e, mesmo aqui, depois que viemos morar em Bocaina do Sul, eu tive muitas oportunidades e participava dos festivais promovidos pela ex-prefeita Marta Góss. Comecei a me destacar por ganhar premiações todos os anos, mesmo quando comecei a concorrer com músicos mais conceituados e experientes, sempre permanecendo no Gospel", revela.

Ketlin, que canta há quinze anos, já está cursando o 4º semestre de Licenciatura em música, na Uniplac, toca violão e teclado, e realizou, no início de novembro, o "Música na Praça", que levou musicalidade aos moradores de Bocaina do Sul. O objetivo, segundo ela, é levar a música a outras cidades. "Dar um palco para se cantar aquilo que o coração quer dizer, não tem preço. É uma mensagem que nós, enquanto artistas, músicos, temos como compromisso principal com a sociedade, levando a arte, levando a música, a nossa música! Temos como meta levar a Kombi Musical para várias cidades da região, para apresentações nas praças, incentivando os nossos artistas e a cada pessoa que nos ouvir para entrar nesse universo da música conosco", projetou.

Para saber mais sobre o Projeto Kombi Musical basta entrar em contato com a própria Ketlin no telefone (49) 99113-8042.

Ketlin Calistro / Arquivo pessoal/Ketlin, durante uma oficina de música no auditório da escola da cidade.