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Para que não se quebrem

Coluna publicada no dia 10/07

Fomos educados para acreditar que o novo, a novidade e o moderno são sempre bons. Aprendemos que o que é antigo é ultrapassado. Que aquilo que vem sendo feito há muito tempo está atrasado e obsoleto. É um fato que nossos pais e avós cometeram muitos erros — assim como nós, também, enquanto jovens. O que reforça ainda mais essa perspectiva.

Contudo, o que gostaria de discutir hoje — querido leitor — é se essa seria uma regra válida para todas as questões. Ou melhor: será que, por vezes, essa mudança constante não seria um tanto prejudicial? Principalmente para os menos favorecidos?

Veja bem, não se trata de rejeitar a mudança ou de querer que voltemos às cavernas. Trata-se de pensarmos naquilo que fazemos de bom — e que deve ser mantido.

Esse é o foco de nossa conversa. O que gostaríamos que não mudasse? O que nos tem feito tanto bem, a ponto de querermos que continue? O que tem ajudado — se não diretamente nossas vidas, ao menos a vida de outrem? O que, afinal, vale a pena manter?

São perguntas complexas, de difícil resposta — e, muitas vezes, individuais. O que é bom para um, nem sempre o é para outro. Deixemos essas reflexões pessoais para cada um de nós e avancemos para questões mais coletivas.

Vejamos alguns exemplos: ninguém diria que devemos parar de educar nossos filhos ou de dedicar-lhes todo o amor de que dispomos. Do mesmo modo, ninguém diria que não devemos prover dignidade aos mais vulneráveis.

Conhecemos países, empresas e pessoas que traçam um objetivo — um norte — e o perseguem por décadas. Nós, brasileiros, não temos muito esse costume. Nossos políticos, então, menos ainda. A regra mais comum aqui é que, a cada alternância de poder, os projetos do governo anterior sejam taxados de ruins e obsoletos, enquanto os novos sejam apresentados como soluções miraculosas. Isso até pode ser verdade em alguns casos. Mas, no geral, impõe uma descontinuidade de políticas públicas que afeta justamente quem mais depende delas.

Planos de educação, de segurança pública, o saneamento básico que insistimos em não realizar... os exemplos são muitos — e, infelizmente, recorrentes.

Mas temos também bons exemplos. E vimos um deles nesta última sessão da câmara de vereadores.
Foram apresentados profissionais da assistência social que trabalham ajudando aos outros — enquanto nós, na correria de nossas vidas, por vezes temos dificuldade até para cuidar dos nossos.

Eles dedicam seu tempo, os recursos (que infelizmente nem sempre são muitos) e, principalmente, seu conhecimento para ajudar. E muitas vezes ajudam completos desconhecidos.

Essa é uma definição de heroísmo. Essa é uma definição de algo que não deve mudar.
Algo que devemos apoiar, ampliar e valorizar.

O assistencialismo pontual e necessário — “quem tem fome tem pressa”, na frase do eterno Betinho — precisa caminhar junto com uma política pública perene e contínua.

Então vejamos: de um lado, temos crianças, adolescentes e idosos em situação tão vulnerável que são incapazes, por si só, de melhorar de vida — ou simplesmente impedir que o mal lhes recaia.
De outro lado, também enfrentando dificuldades, temos profissionais que não só querem ajudar, como sabem como fazê-lo.

Revezaram-se na tribuna diversos profissionais, e diversas situações foram relatadas. Situações que, para pessoas como eu — que não compreendem o mal de perto e não conhecem de verdade o sofrimento alheio —, simplesmente desabam emocionalmente e pouco contribuem.

Mas o que vimos nesta segunda não foi isso. Vimos pessoas. Vimos profissionais que realmente contribuem com a sociedade. Gente que faz a diferença. Que sabe — racional e emocionalmente — o que pode e o que deve ser feito.

Deixo aqui o meu mais profundo respeito e admiração. Por favor, continuem.

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